Uma revista intitulada Cânhamo e que pretende iniciar um novo debate na sociedade portuguesa, será apresentada na próxima sexta-feira, em Lisboa. Esta publicação contêm artigos que falam sobre a cannabis medicinal e industrial, génese da proibição, assim como de assuntos relativos ao consumo recreativo da planta.
Sem querer entrar na discussão acerca da melhor política de combate às drogas e na avaliação da política até hoje seguida (o proibicionismo), prefiro concentrar-me na importância que esta nova revista poderá ter (à semelhança da que já teve na maioria dos países europeus).
Espero que contribua para um melhor esclarecimento, introduzindo novas maneiras de encarar as drogas, separando-as obviamente em duas categorias (leves e duras), por forma a que, com base num conhecimento profundo (e não mistificador) das mesmas, as pessoas possam fazer em consciência, as suas opções de consumo.
Espero também que não entendam este meu texto como um incentivo ao consumo de drogas em geral e da Cannabis em particular. Não existe nenhuma droga inofensiva. Existem é diferentes graus de perigosidade. E existem drogas legais e ilegais. E a classificação das drogas em legais e ilegais nem sempre é atribuída pelos governos em função do seu grau de perigosidade.
A
Organização Mundial de Saúde declara estar " preocupada com as consequências negativas para a saúde de todas as substâncias psicoactivas, independentemente do seu status legal. É sabido que existem 1,1 biliões de utilizadores de tabaco no mundo e que morrem 3,5 milhões de pessoas por ano devido ao tabaco. É também sabido que o alcool causa pelo menos 3/4 de milhão de mortes por ano e os seus efeitos nefastos nas sociedades são enormes." Os efeitos agudos e crónicos do uso da cannabis também não são brincadeira e estão
aqui descritos.
Vivemos numa sociedade globalizada e globalizante, em que as pessoas são cada vez mais exigentes e informadas. Não se compreende por isso, que as posições assumidas pelos governantes no que diz respeito ao uso das drogas não seja coerente e baseada estritamente em estudos científicos médicos e sociológicos.
Capa da última edição da congénere espanhola,
Cañamo.